quarta-feira, 23 de julho de 2008

Noite de Verão

Numa noite de verão de 2000, na praia do Coqueiro em Luís Correia, o mar parecia agitado com suas ondas indo e vindo num compasso e descompasso iguais minhas emoções, deixando na areia lembranças de si, como conchas, algas, etc. A lua reinava imponente no céu, com sua beleza e clareza, revelando os relevos da água, acalmando-me da melancolia do meu descompasso. Senti-me convidada pela natureza a fazer um passeio à beira do mar. Rendi-me a tamanho encanto.

Peguei meu kit de sobrevivência (celular; não vivo sem ele) e fui para a beira da praia. Estava sozinha, envolta em pensamentos e num gesto automático entrei n água e senti o tempo esfriar. Sentia frio. Apesar de ser verão, a noite estava fria, rajada de ventos cortavam a água deixando no seu rastro uma espécie de som que acalentava aquela noite enluarada. Resolvi fazer meu leito a areia iluminada pelo luar que facilmente poderia ser confundida como um imenso tapete prateado, onde se ouvia os sons das águas do mar e do vento, numa harmonia que somente Deus proporcionaria. Deitada, fixei o olhar no céu e vi a beleza das estrelas, como pérolas cravadas num tecido negro. Ao longe, escutava a pancada das ondas nas pedras tal qual açoites. Percebo, que os sentimentos e lembranças que, há bem pouco tempo atrás,angustiavam-me, foram substituídos pela magia da paisagem que naquele momento a natureza proporcionava.

Reflexão

"O que mais nos incomoda é ver os nossos sonhos frustrados."

Mas permanecer no desânimo não ajuda em nada para a concretização desses sonhos.

Se ficamos assim, nem vamos em busca de nossos sonhos, nem recuperamos o bom humor!

Temos de nos esforçar e não permitir que a nossa serenidade seja perturbada.

Quer estejamos vivenciando um grande sofrimento, ou já tenhamos experimentado, não há razão para realizarmos o sentimento de infelicidade. (Dalai- Lama)

Uma rede de possibilidades

NEOCÓRTEX

Beaucot e Smith iniciaram uma pesquisa informal na Escola Mead, onde a escola estava comprometida com o pleno desenvolvimento do aluno, o imaginativo e criativo, sem estar interessado com o funcionamento do cerebral.

Ao iniciar uma pesquisa informal entre alunos foram feitas algumas descobertas, dentre elas: que alunos que tinham dificuldade de aprender a ler, mas saíam bem em artes, produziam ondas alfa relaxadas no hemisfério direito quando solicitadas a fazer um trabalho um trabalho artístico e ondas beta irregulares e agudas no hemisfério esquerdo, indicando dificuldade, quando solicitada a ler.

Beaucot, diante dos resultados e descobertas de sua pesquisa, afirma, que os estudos sobre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo um dia tornarão famosos.

O neocórtex, o maior de todos os sistemas cerebrais, consiste de circunvoluções em forma de favo de mel que contêm bilhões de células. O que nos permite distinguir outras formas de vida. Esse sistema cerebral faz distinções e reflexões sobre os pensamentos, sentimentos e ações como seres humanos. O neocórtex é cortado por veias e artérias que transportam sangue oxigenado para as células através e uma vasta rede.

O axônio envia impulsos através da fenda sináptica. Estes impulsos são recebidos pelos dendritos de outras células. Tais impulsos enviados pelos axônios e recebidos pelos dendritos, e a sinapse resultante são atividade do neocórtex, chamada de inteligência ou pensamento. Vale ressaltar, que nós é que fazemos as conexões. Gerando os impulsos que cruzam a fenda sináptica, aumentando nossa inteligência. Este estabelecimento das conexões axônios e dendritos dependem de nossa participação consciente. Os pesquisadores recentes de cérebro têm chamado o neocórtex de “coroa de jóias” e “tear encantado” por sua sutileza, beleza e complexidade no âmbito do intelecto.

Segundo Beaucot, pesquisadora no campo da educação e do desenvolvimento humano, afirma que em alguns momentos transformamos a “coroa de jóias” em uma “coroa de espinhos”ao utilizar para detectar o que está errado em nós e nos outros. Em vez de utilizar o Neocórtex (coroa de jóias) para melhorar a vida, usamos a capacidade de reflexão para condenar (coroa de espinhos) a nós e aos outros por aquilo que não fizemos ou não conseguimos fazer ao concluir que as limitações e os sofrimentos são aspectos da natureza humana, e não uma questão de onde e como focalizamos nossa atenção mental.

Podemos aprender a usar nosso tear neocortical para iluminar a vida humana.

A rede neocortical de axônios e dendritos é dividida em dois hemisférios(direito e esquerdo) interligados pelo corpo calosos(ponte fibrosa que liga as duas áreas). Esta descoberta só foi possível devido à pesquisa de cérebro secionado.

Bogen doutor em medicina, pesquisador do cérebro secionado, professor de neurocirurgia da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia do Sul, estudou algumas celebridades que fizeram história que, baseados em suas próprias observações da experiência humana, fizeram referencia a dois tipos de processos mentais.

Destacarei algumas celebridades no campo da ciência humana.

Fonte esquerdo direito

Bruner racional metafórico

Cohen analítico relacional

Freud secundário primário

Goldstein abstrato concreto

Hilgard realista impulsivo

W. James diferencial existencial

C S Smith total atomístico

Beaucot decide seguir sua própria experiência e seleciona algumas características básicas para diferenciar os hemisférios.Ela não se interessava pela localização física das características em um hemisfério ou outro, mas a existência de características diferentes que permitisse o acesso ao neocórtex como um todo.

Esquerdo Direito

Seqüencial Simultâneo

Linear Espacial

Lógico Associativo

Das Partes-para-o-Todo do-Todo-para-as-Partes

Temporal Atemporal

Seqüencial...Simultâneo

A seqüência é característica do pensamento racional associado ao hemisfério esquerdo. A seqüência pressupõe um processamento que se dá passo a passo. No pensamento racional, fazemos um processamento em uma continuidade seqüenciada que é ligada por razões, causas e efeitos. Ex. “deixe-me terminar isso antes de começar aquilo”.

Em lugar da preferência pela exatidão, há uma preferência pela generalidade, pela suavidade, pelo deslumbre, por deixar o processo em aberto em vez de chegar a uma conclusão e estabelecer limites. Uma pessoa com preferência pelo hemisfério direito tem vislumbre da realidade, percebe campos cada vez mais amplos de interesse, reconhece coisas instantaneamente e percepção súbita de um amplo conjunto.

Linear...Espacial

Alguém que pensa seqüencialmente vê a realidade de forma linear, enquanto que uma pessoa com preferência pelo hemisfério direito vê a realidade espacialmente.

As vezes nos sentimos mais a vontade no mundo do espaço, em visões intermináveis, e as vezes nas seqüências mais confinadas da linearidade, explorando algo com exatidão e chegando a um fechamento ou conclusão.

Lógico...Associativo

Tentamos ser lógicos a maior parte do tempo, por ser um processo mental dominante de nosso treinamento social e intelectual. Usamos a lógica para nos defender em ações difíceis, sejam elas profissionais, comerciais, familiares, sociais ou políticas.

A associação é uma característica do hemisfério cerebral direito. É a habilidade de fazer conexões não seqüenciais, mas ao acaso, livremente, de acordo com o gosto.

Das Partes-para-o-Todo...do-Todo-para-as-Partes

O hemisfério esquerdo processa parte por parte e acredita que chegará ao “todo”.

Uma pessoa com preferência pelo hemisfério esquerdo vê primeiro as partes e as integra em um todo, chamado de conclusão, plano ou sistema.

Chega ao todo através das partes.

O hemisfério direito deseja captar o “todo” antes de examinar as partes.

O hemisfério direito chega as partes após estruturar o todo, penetrando ou descobrindo partes em um processo aleatório de descoberta e associação. Vê primeiro o todo, ou tem um vislumbre dele, chamando-o de imagem, visão geral, revelação ou sistema.

Ex. alguns se permitem assistir uma palestra, outros preferem primeiro ter uma visão geral, visual ou verbal.

Temporal...Atemporal

No hemisfério esquerdo medir o tempo é um aspecto seqüencial. Impõe seqüência a realidade. Olha para a vida de forma cronológica, seccionando a realidade em partes que chamamos de passado, presente e futuro. Sabe que existiu um ontem, há um hoje e haverá um amanhã. O esquerdo estabelece a ordem por meio do tempo. O tempo é uma realidade.

No hemisfério direito percebe de relance e estabelece sua ordem através da arte ou de revelações religiosas. O eterno é sua realidade.

Ex. “Há tempo para tudo” diz o hemisfério direito da mulher, enquanto faz sua maquiagem. Ao mesmo tempo, o hemisfério do marido sabe que o show começa em dez minutos e que chegarão atrasados.

II - O CUIDADOSO PROCESSO DA COMPREENSÃO

INTELIGÊNCIA RACIONAL

A Inteligência Racional tem sido aceita como sinônimo de inteligência. Certos pesquisadores acreditam o declínio da racionalidade possa ser explicado por nosso desejo de sermos socialmente aceitos educados ou amáveis, que muitas vezes alcançamos sendo vagos misturando imagens e sentimentos com pensamentos ou evitando a precisão do pensamento racional.

O pensamento cientifico racional produz informações sobre o cérebro disponível na Neurociência. As características mentais envolvidas no hemisfério direito e esquerdo do Neocórtex permiti-nos distinguir as características essenciais da inteligência racional.

A medida que identificamos e compreendemos as peculariedades envolvidas em outros processos poderemos ser mais precisos na utilização do pensamento racional. O processo racional faz conexões seqüenciais precisas e lógicas, ao contrário do processo associativo que pedem conexões mais gerais relacionais e aleatórias.

Podemos dar diversos nomes a inteligência racional, como: pensamento racional, pois persiste em dar razões; pensamento lógico baseia-se em ligação entre causa e efeito; e pensamento crítico devido à ênfase da descoberta da diferença critica por meio de questionamentos.

Inteligência racional é capacidade de ser exato, fazer conexões classificá-las em processo seqüencial e que são dadas razão para defender cada aspecto da discussão desenvolvemos nosso pensamento usando a razão até chegarmos a uma conclusão.

No pensamento racional observamos os efeitos em qualquer situação analisando as causas, investigando cada vez mais profunda e especificamente.

É básico para o pensamento racional que cada conclusão deva ser submetida à dúvida em busca da diferença critica. Por meio de questionamento e da dúvida o pensamento racional torna-se um processo dinâmico aberto que leva a continuas descoberta.

Quando algo está faltando, os pensadores racionais fazem as famosas perguntas: Quem, O que; Quando, Onde e como, e Por que? As respostas fornecem uma analise da situação e ajudam a compreender melhor o que estão estudando.

A inteligência racional permite as pessoas isolarem-se da ação imediata ou de uma reação emocional ao enfrentarem o problema.

O pensamento racional parte do principio de que para cada situação existe uma ou várias causas. Se nos sentirmos triste hoje como pensadores racionais começaríamos a investigar a causa da tristeza, a causa é qualquer coisa que produza efeito ou resultado. Sendo que causa e efeito estão interligados.

Podemos utilizar em nossas vidas o processo racional para analisar e criticar e esquecemos o importante fenômeno da ação. Continuamos a criticar a nós próprios ou a nossa situação dividindo os problemas em partes cada vez menores mergulhando em uma análise interminável.

O processo racional completo dividi-se em duas fases: primeiro observa a situação dividindo-a em partes através da dúvida e do questionamento para poder referir ao todo, voltando novamente às partes. Ao entrar na segunda fase que é a criação e invenção desponta para um novo todo.

O pensamento critico sem construção de alternativas é destruição sem criação. O pensamento critico é necessário, mas não suficiente precisamos criar alternativas e investigar e testar estas alternativas em nossas vidas e não descansarmos até chegar a uma solução ou invenção se destruímos o q eu existe temos que criar algo novo se desmembramos temos que juntar novamente sendo que o processo racional completo abrange os dois estágios.

Em nossa vida pessoal, podemos usar a inteligência racional para utilizarmos o processo completo que inclui tanto a criatividade como a critica. As dúvidas e criticas combinadas com soluções podem ser úteis no desenvolvimento social e pessoal.

Pensamento racional e relacionamentos

O racionalismo é algo absoluto que resolvemos tratar como sagrado. Ele nos permite conhecer as partes do todo e as especificidades sendo que nos permite duvidar, criticar e questionar qualquer totalidade e determinar o que está faltando.

Embora a história ilustre sua incapacidade ingressar na fase ativa do pensamento racional ilustra sua incapacidade de mudar para outro processo mental podendo haver dificuldade em nosso constante uso do processo mental.

III – COMO DAR SIGNIFICADO AO SEU MUNDO

INTELIGÊNCIA ASSOCIATIVA

Ao usar o pensamento associativo, fazemos associações ou ligações com pessoas, lugares, objetos, cores, conceitos, ou seja, estamos livres para iniciar uma viagem de descoberta.

Edward de Bono rompeu as barreiras do pensamento racional com seu livro revolucionário: pensamento lateral. Ele domina de pensamento lateral ao processo de associação, invenção e criatividade. O pensamento lateral tornou-se a base da expansão da criatividade da mente. Pesquisas recentes na área do cérebro dividido reforçam a visão de Bono do pensamento lateral, do mesmo modo com as inteligências associativa, espacial e intuitiva.

A criatividade e a descoberta dependem da liberdade para fazer conexões e de buscá – la como instrumentos úteis em tudo que estamos criando. No pensamento associativo, produzimos significados ligando rápidas visões e juntando – as surgirá um novo significado, então a sutileza, a riqueza, a liberdade são características básicas da inteligência associativa que esta disponível para todos, não apenas para os artistas.

A percepção direta, outro elemento da inteligência associativa, seu objetivo é evitar a percepção comum, ela nos dá a liberdade de eliminar qualquer rótulo pré – estabelecido, então é a nossa criatividade e desejo que mandam, não o rótulo, nem as suposições prévias. Somos livres para associar sempre todos os aspectos da realidade em relação à nossa percepção, ao nosso desejo e à nossa criatividade.

A inteligência associativa permite que nos relacionemos com símbolos ou associemos diretamente com o objeto ou pessoa, logo toda palavra ou número é um símbolo, indicando algo que em si mesmo tem existência própria. A experiência do símbolo substitui a experiência da percepção direta.

A percepção direta abre porta para todos os processos do hemisfério cerebral direito que é perceber diretamente, ou seja, estar livre de rótulos, conclusões e conceitos estabelecidos. Nas palavras da psicóloga Jean Houston, “o conceito estraga a percepção”, pois quando não estamos presos a conceitos, somos livres para mergulharmos na percepção direta e vermos a riqueza da associação com a forma de diferentes maneiras.

Na inteligência associativa nada é irrelevante, nada depende de seqüências ou ordem, forma ou conceito. Não ficamos amarrados a causas e efeitos, não nos comprometemos com comparações ou oposições, dualismos ou pensamento crítico. Vemos a complexidade do que existe, antes de nos relacionarmos com o símbolo aceito. Dependendo da dinâmica de nossas conexões, decidimos onde focalizar nossa atenção.

A importância da inteligência associativa é que, podemos fazer tantas associações e tantas descobertas quantas quisermos, em relação à realidade que percebemos.

Quando nascemos já existe uma cultura que nos é imposta, precisamos descobrir o significado que nos seja pessoalmente positivo ou benéfico, convertendo nossa herança de um ambiente impessoal em um contexto pessoal que tenha significado e interesse para nós, e através de um processo associativo podemos aos poucos começar a dar significado a todas as diferentes áreas de nossa vida , como a natureza, conversas, religião, ao escritório, ao corpo, ao planeta, a ciência, a educação, aos relacionamentos humanos e as outras coisas que fazem parte de nossa vida.

O pensamento associativo nos liga, relaciona e conecta com todos e com tudo que desejamos. Uma grande liberdade é a característica básica deste processo do pensamento. Sua maior aplicação é o uso prático em relacionamento humano. A inteligência associativa pode libertar – nos para fazermos um número incrível maior de conexões sinápticas , dando vida a outras áreas pouco usadas de nossa teia neocortical. Estas novas conexões aumentam nossa inteligência, sendo o primeiro passo para ter acesso aos noventa por cento não usados do nosso poder cerebral.

V – VIAJANDO PARA AS VIBRAÇÕES MAIS SUTIS DAS REALIDADES QUÂNTICAS

INTELIGÊNCIA INTUITIVA

INTUIÇÃO

É o conhecimento direto ou aprendizado de algo sem que a consciência utilize o raciocínio

É utilizada por sensitivos - pessoas que curam - líderes religiosos, cientistas experimentais e vencedores de corridas. Para alguns é "sorte", "fé", "um relacionamento especial com Deus" ou ainda "percepção extrasensorial".

GRAUS DE INTUIÇÃO

Um intuitivo avançado é um sensitivo; um sensitivo é um místico; e, entre os dois existem os graus intermediários (médiuns, clarividentes e outros). A inteligência intuitiva começa em nossa vida diária.

As descrições das invenções científicas revelam que por trás do procedimento racional, o cientista utiliza-se da capacidade intuitiva, onde, mesmo organizando os dados até certo ponto, a partir daí, dão um salto para o desconhecido, supondo o que pode ser verdadeiro - "hipótese". Até os profissionais da área de medicina, em momentos críticos, utilizam-se do seu sexto sentido.

DESENVOLVENDO A INTELIGÊNCIA INTUITIVA

Princípios:

Fé na crença conceitual em algo mais amplo do que nós

Por vivermos em nossas definições limitadas do eu, nosso cérebro focaliza apenas o finito, embora consideremos a existência de uma mente racional, a qual nos fornece um processo de busca, baseado num sistema de crenças e valores que penetram na vastidão. "Contato com Deus".

Auto-observação em nossa vida interna e externa

A auto-observação é o processo pelo qual se desenvolve a capacidade de percepção e a consciência através da observação contínua. Implica na observação de pensamentos, imagens e ações nas realidades externas da vida diária.

Sintonia

Significa estarmos dispostos e sermos capazes de sintonizar nosso instrumento, nosso sistema corporal-cerebral, em função da auto-observação daquilo que nos circunda. É também a prática da mudança para estados alternados de consciência ou inteligências alternadas.

Como proteger o corpo-mente intuitiva

Como corpo-mente foi extraordinariamente desenvolvido, é necessário uma proteção - o amor - que surge com a prática religiosa, ou que sentimos pelas outras pessoas. Quando muitos não são protegidos - não são amados, não pertencem a uma religião - caem em dificuldades mentais, capazes de dissociarem-se facilmente da realidade visível, classificado, portanto, de caóticos ou doentes mentais. Ou essas pessoas integram-se no amor ou não aprenderão o processo de associar-se com a realidade finita. Pois, alguém que teve alguma experiência de identificação com Jesus pode ficar incapaz de identificar-se com o papel, por exemplo, de aluno na vida diária.

Aspectos Biopsicosociais do envelhecimento

Segundo o modelo cognitivo-comportamental, a psicoterapia deverá atuar sobre os pensamentos deflagrados por uma dada situação estimulante, uma vez que tais pensamentos geram os sentimentos e os comportamentos que caracterizam a relação do indivíduo com o ambiente que o cerca.

Em relação a vivência da terceira idade, ocorre que há um conjunto de situacões estimulantes singulares que são as crises biopsicossociais que se manifestam no processo de envelhecimento. O psicoterapeuta que se propõe a trabalhar com idosos deve estar familiarizado com esses acontecimentos que cercam o processo de envelhecer. Como fatores direta ou indiretamente responsáveis pelas dificuldades enfrentadas nessa fase da vida podemos citar:

a) Pressões e preconceitos sociais - existe um conjunto de crenças a respeito da velhice que caracterizam um estereótipo negativo do idoso. Ex: " Velhice é a época da regressão"
" É o período no qual as funções se tornam mais lentas"
" O idoso não tem condições de trabalhar"
" O idoso não tem vida sexual, isso é coisa para jovens."
" O idoso é feio."
" O idoso é um ser dependente de outros, tornando-se um peso para esses."
" O idoso é esclerosado"

Essas crenças precisam ser reavaliadas, discutidas e substituídas por outras mais adequadas às reais condições do paciente e a repercussão desses preconceitos na vida deste deve estar bem clara para o psicólogo.

b) Doenças crônicas: cardiopatias, diabetes, afecções reumáticas, osteoporose, colite e outras. Nesses casos o uso de técnicas de reestruturação cognitiva nos moldes de Lazarus, Beck, Ellis levam o cliente a perceber que na maioria das vezes seus problemas não são tão limitadores ou humilhantes quanto ele acredita.

Entretanto, o idoso pode enfrentar o prolongamento de uma existência meramente vegetativa ou próxima dessas condições. Nesses casos o psicoterapeuta deve ter uma atitude empática com as dificuldades enfrentadas mas deve reforçar positivamente as mínimas potencialidades do cliente e motivá-lo para dirigir suas forças para o que pode fazer.

Técnicas de relaxamento podem ser úteis assim como reatribuições cognitivas, quando o cliente acha que sua doença é uma espécie de punição por atos do passado. A aproximação da família e pessoas queridas é fundamental e o psicoterapeuta deve agir ativamente no sentido de facilitar a resolução de conflitos antigos, estimulando a compreensão e mesmo o perdão entre as partes envolvidas. O psicoterapeuta deve ter uma atitude empática com todos os envolvidos, pois seu paciente muito provavelmente contribuiu ativamente para a existência de sentimentos negativos em relação a ele.

As perdas sensoriais podem ser amenizadas com recursos mecânicos, como óculos e aparelho para surdez. Investimentos na aparência ou na melhoria da qualidade de vida ( cirurgias ortopédicas ou oftálmicas) devem ser estimulados, desde que não hajam contra-indicações e os riscos sejam bem avaliados.

c) A aposentadoria . O paciente deve ser estimulado a procurar outras ocupações que possam lhe trazer alguma realização como: trabalhos voluntários alternativos, novas formas de lazer ou mesmo uma nova atividade profissional. Muitas vezes a auto-estima do indivíduo sofre um baque porque a nossa cultura supervaloriza a produção. É importante explorar novos valores pessoais com o paciente.

d) Saída dos filhos de casa. Mais uma vez o paciente deve ser estimulado a criar uma nova rotina que envolva outros interesses. Além disso é importante verificar junto com ele outros objetivos de vida, além da criação dos filhos.

e) Viuvez, mesmo quando ambos brigavam muito. Ao contrário do que se pensa, não são apenas aqueles "casais modelos" que sofrem com a viuvez. Casais que brigam frequentemente e permanecem juntos anos, ainda que reclamando bastante um do outro, sofrem muito a morte do(a) companheiro(a), pois estão habituados a essa estimulação emocional e o afeto existe, mesmo nessa aparente turbulência do relacionamento.

A perda de amigos e parentes também é vivida intensamente, por levar o idoso a se deparar com a eminência de sua própria morte e ter que se adaptar à vida sem a presença de pessoas com quem ele convivia. Assim, a morte e o luto são temas com que o psicoterapeuta irá se deparar e sua atuação visará facilitar a adaptação do paciente a nova realidade, bem como fornecer suporte para a vivência dessa dor.

f) Perda de autonomia. Com alguma frequência os filhos acham que devem gerenciar a vida de seus pais idosos e vão pouco a pouco retirando sua autonomia financeira e de decisões. É importante desenvolver um treino assertivo para que esses pais possam limitar atitudes abusivas, expressando seus sentimentos e necessidades.

g) Institucionalização. Esse é um tema que merece uma ampla discussão, possivelmente em um próximo artigo. Por hora apenas gostaríamos de observar que tal ocorrência envolve uma grande mudança nos hábitos e pode despertar uma intensa vivência de rejeição, por isso é uma decisão que deve levar em conta muitos cuidados e o acompanhamento psicológico é fundamental.

Muitas vezes o que leva o idoso ao consultório do psicólogo é a depressão, que ao ser investigada revela dificuldades em lidar com as situações levantadas anteriormente.

Beck diz que as pessoas deprimidas apresentam um processamento falho de informações que "preservam a crença na validade de seus conceitos negativistas, a despeito da presença de evidência contraditória". São essas evidências que o terapeuta deverá explorar num diálogo que objetiva reformular crenças distorcidas fortemente enraizadas.

O processamento falho de informações consiste em uma interpretação tendenciosa e pouco realista dos fatos da vida e pode ser verificado através de uma análise dos pensamentos automáticos do paciente. Tais pensamentos correspondem àquelas primeiras idéias que tomam conta da mente do indivíduo mediante algum acontecimento. A investigação dessas idéias e a intervenção do psicoterapeuta no sentido de facilitar o idoso perceber como interpreta tendenciosamente os fatos, abrindo a possibilidade para novas percepções mais realistas sobre esses, leva a uma flexibilização cognitiva e uma consequente melhoria na sua qualidade de vida.

O terapeuta deve criar e fortalecer as expectativas de auto-eficácia (Bandura, 1979), através da persuasão verbal e modelação que levem ao enfrentamento de situações, facilitando a ocorrência de ganhos de desempenho.

CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS:
1) LOCAL DE ATENDIMENTO: domicílio( impossibilidade de locomoção ) consultório ( estrutura adequada)
2) OBJETIVOS: A direção é dada pela queixa do cliente, mas levando-se em conta aspectos individuais levantados em uma boa análise funcional, existem alguns objetivos gerais.
a) Ajudar o cliente a superar as influências dos preconceitos sociais em sua auto-imagem e em suas expectativas de auto-eficácia.
b) Fornecer subsídios para que o cliente possa lidar melhor com seus problemas de saúde.
c) Orientar e facilitar a substituição de comportamentos desadaptativos por outros mais adequados que proporcionem bem-estar em todas as áreas de sua vida: relacionamento familiar, amoroso e com amigos. Vivência da sexualidade e realização de atividades.

3) METODOLOGIA: a) Entrevista Inicial:
- tempo suficiente para estabelecer uma relação promissora com o cliente (ele deve sentir-se acolhido e a vontade); investigar a queixa; aliviar um pouco a ansiedade; levantar esperanças em relação a terapia e estabelecer contrato de trabalho.
- avaliação das condições mentais, fazendo perguntas que revelem o senso de localização espaço-temporal e as condições da memória e do raciocínio lógico. Caso necessário indicar avaliação neuropsicológica. Conforme o resultado, solicitar e verificar a possibilidade de ajuda de familiares, acompanhantes e/ou amigos.
- estar atento a capacidade auditiva e visual do cliente para garantir que ele pode vê-lo e ouvi-lo bem. Contato físico caloroso tem sido considerado positivo, mas não deve ser invasivo.
- quando é um familiar que procura a terapia, é feita uma entrevista prévia, na qual deverá ficar clara a necessidade da motivação do próprio cliente ou, no mínimo, de conseguir sua atitude de aceitação de ajuda.

b) Formulação do caso:
Os encontros iniciais servem para a comprensão das variáveis que levaram ao surgimento da queixa e manutenção da mesma.
- Quais as distorções cognitivas que levam o cliente a sentir-se mal e comportar-se desadaptativamente?
- O que na história do cliente, em sua dinâmica de personalidade e nas variáveis do ambiente favoreceu o surgimento e favorece a manutenção dessas distorções cognitivas e comportamentos?
Quando o terapeuta tiver uma hipótese inicial, deve discuti-la com o cliente, colocando-o a par do modelo cognitivo de compreensão do comportamento humano e sugerindo uma estratégia de ação, que pode envolver tarefas de casa.

c) Processo terapêutico e alta:
A terapia pouco difere do adulto mais jovem. As particularidades estão nos temas relacionados a essa fase da vida e algumas vezes a fragilidade física que pode levar a um maior índice de cancelamento de sessões.
O sucesso da terapia depende do engajamento do cliente e de sua disponibilidade para mudanças. Alguns usam o espaço de terapia para desabafar ou buscar uma aliança com o terapeuta para culpar fatores externos por suas dificuldades. Nesses casos, quando o terapeuta cobra a responsabilidade do próprio pelo rumo de sua vida e suas relações, o cliente costuma interromper o tratamento.
A alta ocorre quando ambos julgam que o motivo da queixa foi superado e os objetivos atingidos. Em quadros de demência ou transtornos de personalidade, o acompanhamento médico e familiar é indispensável.

4- ORIENTAÇÃO FAMILIAR
Questões como excesso de crítica ou de proteção que prejudicam o idoso precisam ser discutidas. A família pode ainda colaborar na aplicação de algumas técnicas, como desenssibilização sistemática, as tarefas de casa como exposição a situações evitadas, estratégias específicas de reforçamento positivo, modelação de comportamentos . Os pacientes com demência senil despertam sentimentos ambivalentes nos familiares que cuidam dele pois geram muito cansaço físico e emocional. A família pode ficar confusa e envolvida em um conjunto de comportamentos agressivos e compensatórios em função do sentimento de culpa que a agressividade desperta. A família precisa ser apoiada, orientada e alguns membros podem receber indicação para uma terapia individual.

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM IDOSOS
A TCC oferece várias modalidades de ajuda ao público idoso. O atendimento psicoterápico individual ou em grupo caracterizam uma atuação direta com o cliente, mas há ainda a orientação familiar e de profissionais cuidadores do indivíduo, sempre com o intuito de melhorar sua qualidade de vida. As consultas podem ser realizadas a domicílio, quando o idoso não está em condições de se locomover.
Dentre as queixas mais frequentes desse público temos: depressão devido a perdas específicas ( viuvez, aposentadoria, mudança dos filhos para longe) ou mesmo em função das modificações biopsicossociais inerentes ao próprio processo de envelhecimento ( surgimento de doenças, mudança de papéis sociais e status, transformações da aparência física); descaso ou excesso de proteção familiar ; dificuldade de compreensão inter-gerações; desejo de mudar o estilo de vida. A terapia atua na melhoria da auto-estima do cliente através do questionamento ativo de suas crenças negativas e desenvolvimento de novos recursos comportamentais de enfrentamento das situações problemáticas.
A família enfrenta dificuldades em se adaptar às novas necessidades e limitações dos seus membros mais idosos. Esse problema se agrava quando o idoso apresenta algum tipo de demência senil, ou dependência física muito grande. A orientação familiar tem dois objetivos básicos: analisar e implementar as alternativas mais adequadas para maior satisfação de ambas as partes, e estimular e facilitar a comunicação honesta das expectativas e sentimentos de todos os envolvidos.


Vem...

Aperitivos Psi


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"Como é bom poder dizer às pessoas

Que nada foi em vão

Que o amor existe,

Que vale a pena a amizade,

Que a vida é bela sim,

Que eu sempre dei o melhor de mim.

E que valeu a pena!"

Mário Quintana
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Como aliviar a dor do que não foi vivido?

A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o
desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional."

Carlos Drummond de Andrade

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"... Eu não tenho filosofia: tenho sentidos ...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência não pensar ...

Alberto Caaeiro/Fernando Pessoa

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Tenho fases como a lua
Fases de andar escondida
Fases de vir para a rua...
Perdição da vida minha.
Tenho fases de ser tua,
Tenho outras de ser sozinha.
(Cecília Meireles)